segunda-feira, 21 de março de 2011

É assim que pensa a sociedade?

 
Nesta jornada da inclusão de pessoas com deficiências já vimos e ouvimos de tudo. Ouvimos professores da rede pública de ensino dizer que deficientes visuais demoram três vezes mais que os outros alunos para aprender determinadas matérias e que a matemática é muito complicada para deficientes visuais. Ouvimos professores falarem que não é possível ensinar geografia, hidrografia, relevos, planícies para os deficientes visuais, muito menos ensinar educação artística. Depois de muita reflexão, entendeu-se que sim, é possível aprender matemática, geografia e, principalmente, arte, que é sensibilidade pura.
Aí a conversa muda, não há material didático nem lúdico para estas pessoas. Quando indagados sobre a responsabilidade do professor em preparar o material, aí a resposta é que não há tempo, mas eles não são profissionais que ganham para isso?
Será falta de tempo ou de vontade? Será realmente que o discurso de inclusão tem reciprocidade na prática, ou fica só na teoria da politicagem retórica? Na prática, ouvimos que cadeirantes e deficientes visuais no corredor de uma escola são estorvos. Essa é a mentalidade dos nossos docentes? Não, não posso acreditar que seja o pensamento da maioria.
Contudo, em outra situação, não mais privilegiada, vivemos o dissabor de ouvir de um profissional de Recursos Humanos que a solução para contratar deficientes era rescindir o contrato com a empresa prestadora de serviços de limpeza, demitir os funcionários e contratar deficientes faxineiros. Que idéia brilhante, não acham? Proporcionam a inclusão de pessoas com deficiência somente na função de auxiliar de limpeza, porque não imaginam outro lugar para colocá-las, demitem outros funcionários pais de famílias, carentes, para tomar seus lugares e chamam a isto de inclusão? O que dói mais é ouvir de um RH que ele nada pode fazer, porque esta é a decisão da empresa. Será que não cabe a ele levar a informação de boa qualidade, na medida certa, para que a "empresa" tome a decisão mais coerente com a prática da responsabilidade social? Do mesmo RH ouvimos que não faziam um projeto de acessibilidade nem sensibilização das pessoas devido à multa aplicada à empresa - "com o dinheiro do projeto, pagaremos a multa". Se houvesse a boa intenção de realizar um projeto digno, já o teriam feito, pois a lei de cotas data de 1991.
É vergonhoso. Vivemos num País repleto de diversidade, mas a repelimos diariamente. Deixamos de conviver com a riqueza que a diversidade nos traz. Faz-nos pensar, refletir em como somos diferentes e como nos complementamos. Conviver com a diversidade só nos faz crescer como seres humanos. Respeitar a diversidade, então, faz com que sejamos maiores e melhores, mais fortes, mais decentes como gente. Para as pessoas que acham que conviver com a diversidade é complicado e ruim, lembrem-se sempre que o branco dificilmente se tornará negro, mas deficientes somos todos em potencial. Faça hoje pela diversidade em geral e pelas pessoas com deficiência o que você gostaria que te fizessem amanhã!!!

Ajude-nos a salvar o mundo!

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